Muito bem, onde está o techno que berrava nos corações de ravers, clubbers, e-music-lovers e tantos "rs" que só no mundo da música eletrônica existem? Minha paixão por este estilo, ou melhor segmento musical, vêm de muitos anos atrás quando um garotinho ficava fascinado com um vinil de Acid House datado do ano de meu nascimento girava numa vitrola Philips de minha tia, que ainda hoje funciona e é a alegria de fim de ano, os melhores discos de enredos de carnaval e samba estão devidamente guardados em sua estante e embalam as noites de reveillon. Pois bem, o Acid House sumiu do mundo como por encanto, tudo bem ficou velho de mais ou até que essa onda retrô faça um revival deste estilo. Sim meus caros leitores, a música eletrônica possui 4 pilares fundamentais para sua existência, disto também excluo a sua mãe, a Disco Music (que é coisa boa até hoje), são eles: House, Techno, Trance e Drum'n'Bass. Todos eles representam uma evolução que começa no final da década de1970 até o fim da década de 1990. Aquilo que todos escutam na rádio, em clubes mainstrain nada mais é do que a variação da House e que chamam de "Dance". Para explicar o que seria tudo isso levaria horas de aula de música, história da arte e do comportamento através das décadas. Mas que fique claro uma coisa, música eletrôinica está impregnada de rebeldia, pscodelia, cultura negra (curioso como quase toda música ouvida hoje, tem como raiz a cultura negra...) e muito [mas muito] contato humano, é uma grande celebração, a única utopia que deu certo desde Woodstock. Mesmo que possua seus guetos e tribos bastante definidas todas se juntam para dançar um som robótico que os senhores Wolfang Flür e Florian iniciaram há 40 anos atrás quando usaram uma caixinha com botões para fazer uma bateria eletrônica, o resto, é Kraftwerk, não precisa dizer mais nada. Mas de uns quatro anos atrás até os dias de hoje o Techno que era altamente funky, com batidas gordas, que somente o pulsar causava arrepio foi sumariamente substituído por um som calmo, inteligente e blasé, eis o vilão, Minimal.
Este som foi chegando aos poucos surgido dos lounges onde gente com nariz empinado vai se mostrar, e foi dominando o mundo até que hoje me pego ouvindo Renato Cohen, um brasileiro que muitos não conhecem mas já vendeu mais de 20 mil cópias de seus Eps, lembrando que a indústria de discos de vinil é muito diferente dos cds, são fabricados em quantidade limitada, distribuídas em pontos específicos e disputados à tapas por disc-joqueis do mundo inteiro, para se ter uma noção, um disco vendido será tocado para públicos de pelo menos 5 mil pessoas, dependendo de que lugar do planeta esteja. Logo é um marco e tanto para alguém acabar com 2 mil cópias em apenas uma semana do primeiro Ep num grande selo (na época, Intec do Sr. Carl Cox). Pontapé era a música e certamente é um clássico atemporal, tinha toda a essência do que um single precisa, rápida, muito marcada, dançante até a médula e cheia de groove. Os anos aureos do Techno começaram à definhar alí em 2002 até o fim de 2004. Após horas de download pude constatar isso, ouvindo atentamente um set (conjunto de músicas que um dj apresenta em seu show) de Cohen na festa Technology em Sampa e fiquei surpreso, o minimal fisgou o gênio brasileiro do funky. Decepção? não, pois confesso que depois de muita luta e horas de Richie Rawtin (outro gênio) e seus cliques musicais posso dizer que gosto de minimal. Mas todo mundo poderia tocar este novo som, menos ele o meu supremo ídolo, até que fui entendo melhor as coisas.
Quem quiser conhecer mais sobre a cena brasileira:
http://www.rraurl.com.br/ (as últimas notícias)
http://www.technopride.net/ (para baixar sets)
http://www.noisemusic.com.br/ (selo independente de Anderson Noise e parcerias)