segunda-feira, 30 de junho de 2008

Devaneios: A última noite de Dior

O cheiro que vinha de dentro daquele pequeno frasco quadrado, propositalmente transparente, revelava um líquido de aspecto champagnoise que conferia assim um doce aroma de baunilha e outras notas que somente seus criadores poderiam definir.
A verdade sobre tal fragrância é que foi usada desde o início para marcar e seduzir. Proposito não tão diferente de sua campanha publicitária, aquele moreno de nariz empinado tinha um ar sedutor e apaixonante bem como o produto anunciado. Se foi o perfume, ou a idéia que ele passa às pessoas, nunca saberei mas sempre acabava a noite trocando outras sensações com tipos das mais variadas formas.
Sua última noite foi marcada por dissabores, por coisas que nunca haveria passado antes, era somente eu e o perfume no corpo. Nenhuma alma estranha se aproxima, ninguém repara, seria trágica a despedida de um companheiro como este? Por sorte não, derrepente vejo alguém de olhos fixos se aproximando e num misto de anciedade e aflição ouço aquilo que sempre esperei, atraves de lábios macios e um quente bafo ao pé do ouvido, ecoava uma proposta para o futuro arrancando assim um largo sorriso que perdura até agora. Esse foi o último feito de um amigo de longa data, e desta herança não abro mão.
Como pode um pequeno frasco guardar uma arma tão poderosa, como pode ser vendido assim sem mais nem menos? Certamente nada disso importaria, não fosse o fato do mesmo chegar ao fim. Fica na lembrança noites e noites de badalação, risos, beijos, pessoas, mágoas e alegrias, vai para o lixo somente aquilo que não preciso mais, um pequeno frasco de perfume caro.